Saúde discute parceria com a UFS e Associação Salvar para desenvolvimento de produtos à base de Cannabis
Esse projeto colocará Sergipe no pioneirismo do envolvimento direto do estado na produção de produtos a serem distribuídos à população que necessita de tratamento com os derivados da Cannabis
A fim de discutir sobre a criação do Núcleo de Análise, Melhoramento, Produção, Investigação e Transferência Tecnológica em Cannabis de Sergipe (Cannabise), representantes da Secretaria de Estado da Saúde (SES) e da Universidade Federal de Sergipe (UFS) se reuniram nesta terça-feira, 7, para avaliação da viabilidade de implantação do projeto em Sergipe.
Foi aprovado pela Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese) e homologado pelo Governo do Estado o Projeto de Lei de nº 331/2022, que institui a Política Estadual de Cannabis para fins terapêuticos. Concomitante, em Sergipe, a Associação Brasileira de Apoio ao Cultivo e Pesquisa de Cannabis Medicinal, intitulada como Salvar, obteve aprovação da Justiça Federal para cultivar, manipular e pesquisar a Cannabis sativa de forma exclusiva para finalidade medicinal e de pesquisa científica. Pensando em contribuir com a implantação de políticas públicas e desenvolvimento tecnológico sobre a Cannabis, a Universidade Federal de Sergipe (UFS) fechou um acordo de Cooperação Técnica com a Associação Salvar.
O secretário de Estado da Saúde, Walter Pinheiro, ressaltou que, neste mês de novembro, a SES trará novidades em relação ao andamento da implantação de produtos à base de Cannabis. “Vamos lançar ainda este mês o primeiro protocolo, que possui uma melhor evidência científica até o presente momento, que nos dá mais segurança para a distribuição.
Também será aberta consulta pública para que a sociedade civil possa se manifestar com suas contribuições, uma vez que pretendemos avançar muito dentro dessa política, que é bastante vencedora no que diz respeito à saúde e à qualidade de vida das pessoas. Além disso, será inaugurado ambulatório para acolher esses pacientes que não mais necessitarão procurar o judiciário para ter acesso a estes produtos, pois agora será distribuído administrativamente”, afirmou Walter Pinheiro.
Segundo o pró-reitor de pós-graduação da UFS, Lucindo Quintans, a união entre a SES, UFS e a Salvar é uma oportunidade muito relevante para o desenvolvimento e formação de recursos humanos na área, também desenvolvimento de estudos clínicos que possam melhorar a qualidade de vida dos pacientes, muitas vezes com doenças sem tratamento. “O mundo hoje tem se debruçado na questão do uso da Cannabis medicinal, e Sergipe, não obstante, também vem focando no desenvolvimento de projetos alinhados em parceria com o Estado, universidade e sociedade. Então, esta primeira conversa do grupo de trabalho que está sendo formado, é para a construção de um projeto que, dentro de um futuro de curto, médio e longo prazo, possa tornar Sergipe independente, tanto em estudos quanto em desenvolvimento de produtos relacionados à Cannabis medicinal”, explicou Lucindo.
Para o coordenador e pesquisador do Cannabise, José Ronaldo dos Santos, o projeto colocará Sergipe no pioneirismo do envolvimento direto do estado, na produção de medicamentos a serem distribuídos à população que necessita de tratamento com os derivados da Cannabis sativa. “A proposta visa possibilitar a produção de medicamentos à base de Cannabis sativa e atender a um número maior de pacientes que fazem uso desses produtos, com um custo menor para o Estado. Assim, o nosso objetivo é aumentar a produção e diminuir os custos dos medicamentos à base de Cannabis e seus derivados em Sergipe e garantir o padrão de qualidade dos produtos produzidos pela Associação Salvar”, ressaltou o coordenador.
De acordo com a coordenadora da Assistência Farmacêutica da SES e membro do Grupo Técnico de Trabalho, Juliana Santos, a proposta do grupo é transformar a teoria trazida pela Lei em prática efetiva dentro do SUS. “Temos trabalhado junto com a Universidade Federal de Sergipe para alinharmos os próximos passos para a implantação dessa inovação para a saúde dos sergipanos. Temos estudado muito esse processo para que tudo ocorra de forma segura e eficaz”, contou a coordenadora.
Fotos: Mário Sousa
Publicado: 7 de novembro de 2023, 16:32 | Atualizado: 7 de novembro de 2023, 16:32