SAMU registra mais de 200 ocorrências por queda de idoso somente em junho
O monitoramento realizado no mês de junho pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), unidade da Secretaria de Estado da Saúde (SES), revelou um dado curioso e preocupante: dos 1.380 casos registrados como acidentes provocados por causas externas, 237 referem-se a quedas da própria altura, predominando os idosos acima de 65 anos. Em 2018, no mesmo período, foram contabilizados 138 casos, ou seja, em 2019 houve o aumento de, aproximadamente, 40%. A queda é um evento bastante comum e pode ser devastador em idosos. Embora não seja uma consequência inevitável do envelhecimento, pode sinalizar o início de fragilidade ou indicar alguma doença.
Segundo a superintendente do SAMU, Conceição Mendonça, neste ano de 2019 o monitoramento foi realizado nos 75 municípios sergipanos durante todo o mês de junho e não apenas nos dias de festas como acontecia nos anos anteriores. “Esse resultado nos chamou a atenção e provocou uma grande surpresa, principalmente se formos fazer um comparativo em relação a junho de 2018. Essa foi a maior causa de atendimento no SAMU, chegando a mais de 230 casos correspondendo a 17% dos chamados”, comentou Conceição.
No Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), dados do Sistema Integrado de Informatização de Ambiente Hospitalar (Hospub) informam que, em 2018, foram registradas 9.860 vítimas de queda das mais variadas causas e grande parte das vítimas eram idosos com idades entre 60 e 69 anos. Já em 2019, o primeiro semestre já contabiliza mais de 5 mil casos.
O que pode estar causando as quedas?
De acordo com o Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO) do Ministério da Saúde (MS), os fatores de risco que mais se associam às quedas são: idade avançada; sexo feminino; história prévia de quedas; imobilidade; baixa aptidão física; fraqueza muscular de membros inferiores; fraqueza do aperto de mão; equilíbrio diminuído; marcha lenta com passos curtos; dano cognitivo; doença de Parkinson; sedativos, hipnóticos, ansiolíticos e polifarmácia. Atividades e comportamentos de risco e ambientes inseguros aumentam a probabilidade de cair, pois levam as pessoas a escorregar, tropeçar, errar o passo, pisar em falso, trombar, criando, assim, desafios ao equilíbrio. Os riscos dependem da frequência de exposição ao ambiente inseguro e do estado funcional do idoso.
“O idoso, por si só, já tem doenças como a osteoporose, a miopia ou a presença de catarata, diabete, labirintite, e isso já diminui muito a locomoção dele. Associada a essas doenças pré-existentes no mês de junho, que é altamente sazonal, há a infecção respiratória tornando o idoso ainda mais fragilizado e, um dos fatores que a gente também identificou avaliando as fichas de atendimento, foi que alguns estão caindo dentro do banheiro, na calçada, queda da escada, estão andando e o chinelo engancha no dedo e ele cai, além do período de chuvas que pode ter contribuído para esse aumento das quedas da própria altura”, disse a superintendente do SAMU.
Dicas de prevenção
Fazer anualmente exames oftalmológicos e físicos; Manter uma dieta com ingestão adequada de Cálcio e vitamina D; Tomar banhos de sol diariamente; Praticar alguma atividade física que desenvolva agilidade, força e equilíbrio; Eliminar de casa tudo aquilo que possa provocar escorregões; Instalação de suporte, corrimão e outros acessórios de segurança; Usar sapatos com sola antiderrapante; Substituir os chinelos que estão deformados ou muito frouxos; Evitar sapatos altos e com sola lisa; Evitar ingestão excessiva de bebidas alcoólicas; Nunca andar só de meias.
No quarto do idoso
Colocar uma lâmpada, um telefone e uma lanterna próximos da sua cama; Dormir em uma cama na qual ele consiga subir e descer facilmente (55 a 65 cm); Os armários devem ter portas leves e maçanetas grandes para facilitar a abertura, como iluminação interna para ajudar na localização dos pertences; Dentro do seu armário, arrumar as roupas em lugares de fácil acesso, de preferência evitando os locais mais altos; Substituir os lençóis e o acolchoado por produtos feitos por materiais não escorregadios, como algodão e lã; Instalar iluminação ao longo do caminho da sua cama ao banheiro; Não deixar o chão do quarto bagunçado.
Na sala e no corredor
Organizar os móveis de maneira que o caminho fique livre de obstáculos; Manter as mesas de centro, porta revistas, descansos de pé e plantas fora da zona de tráfego; Instalar interruptores de luz na entrada das dependências de maneira que ele não tenha que andar no escuro até que consiga ligar a luz. Interruptores que brilham no escuro podem servir de auxílio; Não acumular ou deixar caixas próximas do caminho da porta ou do corredor; Manter fios elétricos e extensões fora das áreas de trânsito, nunca debaixo de tapetes; Nas áreas livres usar tapetes com as duas faces adesivas ou com a parte de baixo antiderrapante; Não sentar em cadeira ou sofá muito baixo, porque o grau de dificuldade para se levantar é maior, sendo que devem ser confortáveis e com braços; Remover peitoril de porta maior que 1,3 m.
Na cozinha
Remover os tapetes que promovam escorregões; Limpar imediatamente qualquer líquido, gordura ou comida que tenham sido derrubados no chão; Armazenar a comida, a louça e demais acessórios culinários em locais de fácil alcance; As prateleiras devem estar bem presas à parede para permitir o apoio do idoso quando necessário; Não subir em cadeiras ou caixas para alcançar os armários que estão no alto; Não utilizar ceiras que deixem o piso escorregadio; A bancada da pia deve ter de 80 a 90 cm do chão para permitir uma posição mais confortável.
No banheiro
Usar tapete antiderrapante ao lado da banheira ou do box; Instalar na parede da banheira ou do box um suporte para sabonete líquido; Instalar barras de apoio nas paredes; Duchas móveis são mais adequadas; Manter algum tipo de iluminação durante a noite; Usar dentro da banheira ou no chão do box tiras antiderrapantes; Substituir as paredes de vidro do box por um material não escorregadio; No banho, utilizar uma cadeira de plástico firme com cerca de 40 cm, caso o idoso não consiga se abaixar até o chão ou se sinta instável.
Foto: Flavia Pacheco ASCOM SES
Publicado: 5 de julho de 2019, 17:02 | Atualizado: 5 de julho de 2019, 17:08