Rede Cegonha: humanização do parto e vínculo mãe e bebê

Por: Herieta Schuster
*Com informações do Ministério da Saúde

Ser mãe é um momento único e especial. Mas, também, gera muitas dúvidas e medos em relação ao parto. Pensando em implementar uma rede de cuidados para assegurar às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e a atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, assegurando às crianças o direito ao nascimento seguro, o crescimento e desenvolvimento saudáveis, o Ministério da Saúde instituiu a Rede Cegonha como estratégia de remodelagem da Política de Atenção Integral à Saúde da Mulher.

Em Sergipe, a Rede Cegonha está implantada em toda Rede Materna do Sistema Único de Saúde (SUS), composta por nove maternidades. São elas: Maternidade Santa Isabel (Aracaju), Maternidade São José (Itabaiana), Maternidade Zacarias Júnior (Lagarto), Maternidade Amparo de Maria (Estância), que são filantrópicas, e Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (Aracaju), Centro Obstétrico Leonor Barreto Franco (Capela), Hospital Regional São Vicente de Paula (Propriá), Hospital Regional Gov João Alves Filho (Glória) e Hospital Regional José Franco Sobrinho (Socorro), que são geridas pela Fundação Hospitalar de Saúde.

A Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL), em Aracaju, é referência na assistência materna de alto risco.

A coordenadora de Admissão do Pronto Socorro da MNSL, a enfermeira obstetra Auciliadora Varjão, explica como esse projeto funciona na prática. “As mães chegam aqui, justamente no momento crucial: a hora do parto. Só que antes disso, no pré-natal, é importante que a paciente seja encaminhada pela Unidade Básica de Saúde para conhecer a maternidade que irá ter seu bebê, para que ela já se sinta ambientada e segura, nesse momento que é de ansiedade”, relata a coordenadora.

Ela também explica que a Rede Cegonha é uma forma de humanizar o parto, de deixar a gestante mais tranquila nesse momento em que muitas vezes os sentimentos de alegria e medo se misturam.

“Antigamente as mulheres entravam na sala de parto e não tinham acompanhamento de ninguém de sua confiança. Hoje, já se sabe a importância dessa mãe se sentir segura, ao lado de seu companheiro ou de um parente”, explica a coordenadora Auciliadora Varjão.

Oscar Sérgio da Conceição, que acompanhou o parto da esposa, Lúcia Teles, na maternidade Nossa Senhora de Lourdes, revela que foi um momento único e emocionante. “Sou pai de 12 filhos e nunca tive a oportunidade de ver o nascimento de nenhum deles. Normalmente eu tinha que ficar na recepção sem saber o que acontecia com minha esposa. Desta vez foi diferente. Pude ver minha filha Ester nascer. Acompanhei de perto e, tanto eu quanto minha esposa, fomos muito bem atendidos aqui na maternidade, só tenho a agradecer a toda equipe”, conta, emocionado.

Outro grande ganho da Rede Cegonha é a aproximação da mamãe com o bebê, como esclarece a coordenadora Auciliadora. “Antigamente, assim que o bebê nascia o obstetra já realizava o corte do cordão umbilical. Hoje, as práticas obstétricas dizem que antes de cortar esse vínculo é importante colocar o bebê no colo da mãe, para que sinta o calor da pele dela, visto que ele sai da barriga, onde está quentinho e calmo”, enfatiza.

A Rede Cegonha também preconiza que essa mulher tenha alguns direitos e garantias, como o parto humanizado, escolhendo a posição que ela quer realizar o procedimento e como ela quer ter o bebê. “A mãe pode escolher a posição que ela quer, se deitada ou de cócoras. Isso se o parto der condições, se o obstetra depois de avaliar a parturiente, observar que não há riscos nem para mamãe nem para o bebê. No entanto, se estiver normal, ela tem o direito de escolha, que antes não tinha, era somente o médico que decidia”, pontua a enfermeira obstetra.

A gerente da Maternidade do Hospital Regional de Nossa Senhora do Socorro, Mariane Gomes, destaca que as mães tiveram outro ganho. “Antigamente as grávidas ficavam horas sem comer, deitadas na cama. A Rede Cegonha prioriza outro tipo de abordagem. Elas podem caminhar no hospital, comer uma gelatina, podem beber água, desde que esteja tudo bem com elas, ou seja, oferecemos tudo aquilo que não vá atrapalhar o processo do parto”, esclarece.

A obstetra do Hospital de Socorro, Adriana Cardoso, também fala da importância da primeira mamada. “No que se refere à amamentação, o contato pele a pele e a primeira mamada são essenciais para a manutenção dos níveis altos de prolactina, permitindo sua liberação e, consequentemente, a produção láctea mais rápida do que se o bebê for separado imediatamente. Essa primeira mamada é como se fosse uma vacina que imuniza o bebê”, explica.

A enfermeira Kátia Valença, Área Técnica da Saúde da Mulher da Secretaria de Estado da Saúde, destaca que a estratégia Rede Cegonha, que tem como propósito promover uma remodelagem na atenção ao parto e nascimento, visando às boas práticas obstétricas e neonatais, baseadas em evidências científicas, vem ao longo da sua implantação e prática promovendo mudanças qualitativas na assistência materno infantil do Estado. Isso vem resultando em melhoria da qualidade de vida da gestante e neonato em conjunto com a família e promovendo redução da mortalidade infantil.

Publicado: 26 de janeiro de 2017, 11:15 | Atualizado: 26 de janeiro de 2017, 11:15