MNSL realizou mais de 300 partos em adolescentes este ano

A estudante Ana Paula Beatriz Santos de Oliveira tem 15 anos e está grávida pela segunda vez, seu primeiro filho nasceu quando ela tinha 13 anos. Ela veio da Bahia e mora em Aracaju há dois meses. Está grávida de 28 semanas e 3 dias  do segundo filho Arthur e está na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL), unidade gerenciada pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) em tratamento com antibiótico  por causa de infecção urinária que afetou os rins. “Minha vida mudou bastante, tenho o apoio da minha família desde minha primeira gestação. Estou fazendo o pré-natal, mas aconselho que as adolescentes tenham responsabilidade com o uso do preservativo porque a minha vida mudou muito e perdi minha dolescência’’, desabafou Ana Paula.

 Em 2018, a MNSL contabilizou em 2018 através do relatório gerencial, 5.491 partos, sendo 1.003 em adolescentes. Já nos cinco primeiros meses de 2019 a Instituição registrou 2.280 partos, destes, 346 em adolescentes, o que totaliza uma média de 69 partos por mês em adolescentes. A adolescência é a idade compreendida entre 10 e 19 anos, época de fase confusa, caracterizada por incertezas, modificações corporais e psicológicas e de várias descobertas. Engravidar na adolescência é, na maioria dos casos, uma atitude não planejada, que pode ocorrer de diversas formas e ser provocada a partir da atividade sexual precoce e inconsequente.

 

“A dificuldade no diálogo familiar, a falta de conhecimento e acesso aos métodos contraceptivos, entre outros exemplos são grandes causadores desse problema. A experiência de uma gravidez precoce, não planejada, muitas vezes gera angústia e conflitos para as adolescentes. As dificuldades encontradas por elas são diferentes, dependendo do contexto que as mesmas estejam inseridas, e o apoio da família é de suma importância para que essas adolescentes não se sintam abandonadas e desenvolvam problemas psíquicos, que futuramente venham prejudicar a relação mãe e filho. Essa vinculação traz benefícios futuro e ajuda a dar segurança nessa nova etapa da vida”, disse a psicóloga da MNSL, Andresa Azevedo.

Segundo o relatório de organizações de saúde (OPAS/MS, UNICEF, UNFPA) publicado em 2018, a taxa brasileira de gravidez na adolescência é de 68,4 nascimentos para cada 1.000 adolescentes. “Os dados referentes ao Brasil ficam acima da média latino-americana e caribenha, e registram a segunda maior taxa de gravidez na adolescência no mundo”, observou a psicóloga. Andresa atentou, ainda, que o serviço de apoio multidisciplinar da MNSL garante à paciente suporte necessário durante a internação e o serviço de psicologia é ofertado de forma acolhedora, com o objetivo de orientar, dar apoio emocional e psicológico, assegurando fortalecer todo o processo da maternagem.

Kalayne Rodrigues Menezes tem 16 anos, é da cidade de Boquim. Com ela tudo foi diferente.  Ela teve uma gravidez planejada e está internada na ala azul. Esse é seu  primeiro filho, e ela  mora com o pai da criança que tem 16 anos. O jovem tem emprego, pretende continuar estudando. “Quando o exame de gravidez deu positivo, não levei um susto, pelo contrário, fiquei feliz, pois era algo que eu já planejava, mas ninguém da minha família sabia, isso foi opção aos 14 anos. Naquele momento eu passava por uma depressão e pensei que precisava de algo pra ter amor a minha própria vida. Tenho apoio da minha mãe. Sou grata a vida”, afirmou a jovem mãe do bebê Alberto.

Foto: Flávia Pacheco ASCOM SES

Publicado: 11 de junho de 2019, 17:31 | Atualizado: 11 de junho de 2019, 17:31