Médica da Unidade de Tratamento de Queimados do Huse alerta para queimaduras elétricas

A queimadura elétrica é uma lesão ocasionada por uma corrente elétrica que atravessa o corpo, gera calor, que queima e destrói tanto os tecidos internos como a pele. No ano passado (2018), o Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) registrou cinco vítimas por queimadura elétrica. Já nos primeiros cinco meses deste ano (janeiro a maio 2019) até o momento, foram registradas duas vítimas. Uma descarga elétrica pode provocar um curto-circuito nos sistemas elétricos próprios do organismo e interromper a transmissão de impulsos por parte dos nervos ou fazer com que os transmitam de forma errada ocasionando uma contração violenta dos músculos, uma parada cardíaca e perda da consciência, como explica a médica intensivista da Unidade de Tratamento de Queimados (UTQ) do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), Drª Heloísa Lázaro.

“A queimadura elétrica é diferente dos outros tipos de queimaduras. É um queimado que está mais associado com rede elétrica e alta-tensão, então, as pessoas que trabalham com esse tipo de manutenção em rede elétrica, de telefonia, pessoas que tentam fazer instalação clandestina ou até mesmo furtar fiação de cobre, está suscetível a esse tipo de queimadura. Normalmente essa alta-tensão encontra um aterramento em algum momento a pessoa está em contato com a terra e essa corrente passa e atravessa o corpo, normalmente tem um ponto de entrada e saída, o estrago que é feito a gente não consegue identificar no primeiro momento, a gente tem uma queimadura importante de início, uma queimadura de terceiro grau que já afeta o osso, músculo e chega até a amputação do membro, até uma lesão no fígado e esse paciente tem que ficar internado, monitorado, sem contar com a parte externa que também é tratada”, explicou.

As queimaduras de baixa tensão (abaixo de 1000 volts) ocorrem frequentemente no domicílio, acometendo crianças e, quando ocorre em adultos está relacionada geralmente a acidentes de trabalho. Já as lesões por alta voltagem (acima de 1000 volts) ocorrem em ambiente externo, em jovens do sexo masculino, que entram em contato com linhas de alta-tensão suspensas ou subterrâneas. A gravidade da lesão varia de pouco grave a fatal, determinada pela intensidade da corrente, tipo de corrente, percurso da corrente no corpo, duração da exposição à corrente e resistência elétrica à corrente.

De acordo com a médica intensivista, a maioria de pacientes que chegam vítimas desse tipo de queimadura consegue sobreviver no primeiro momento e morre. “Isso acontece porque essa corrente quando passa no primeiro momento o que ela pode causar é morte súbita, porque quando essa corrente passa pelo coração pode fazer uma parada cardíaca e se não tiver alguém de imediato que possa fazer os procedimentos de ressuscitação ele pode ir a óbito. A rede elétrica que chega na casa da gente depois que sai do poste é uma rede de baixa tensão, não faz esse tipo de queimadura, só se tiver fogo associado, mas, é um tipo de corrente elétrica que também pode matar por causa da parada cardíaca”, enfatizou.

O jovem Paulo de Jesus Soares, 26, recentemente foi vítima de uma descarga elétrica enquanto trabalhava em uma rede de telefonia. Ele teve o contato com fio de alta-tensão e foi queimado no braço e tórax. O paciente teve o primeiro atendimento ainda no local e foi encaminhado para o centro cirúrgico do Huse para alguns procedimentos de retirada da pele morta. Ele segue internado e reagindo bem ao tratamento na UTQ do Huse.

Foto: Flávia Pacheco ASCOM SES

Publicado: 12 de junho de 2019, 15:59 | Atualizado: 12 de junho de 2019, 15:59