Maternidade: pais assumem papel decisivo no desenvolvimento do “Método Canguru”

Por Morgana Barbosa

método canguru - MNSL (2)O protagonismo da figura paterna no “Método Canguru” é um dos fatores que contribuem com o processo de desenvolvimento dos bebês prematuros, ou com baixo peso, assistidos pela Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL). Dividido em três etapas, o método beneficiou, desde janeiro deste ano, 177 recém nascidos na segunda etapa e 543 na terceira etapa. Todo o processo conta com a participação efetiva dos pais.

 

“No ‘Método Canguru’ o pai não aparece como a figura de um acompanhante. Na verdade, ele é uma peça decisiva para o desenvolvimento do método”, afirma o médico neonatologista da MNSL, Alex Santana.

 

Certificada em 2014 pelo Ministério da Saúde como Referência Estadual para a Atenção Humanizada ao recém nascido – Método Canguru, a MNSL trouxe uma forma de assistência inovadora aos Usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) em Sergipe. A valorização do contato pele a pele entre o bebê e seus pais pode gerar benefícios como a alta precoce e o favorecimento da construção do vínculo entre pais e filhos.

 

“Com a colocação do bebê no peito da mãe, ou do pai, é possível promover maior estabilidade térmica, substituindo as incubadoras, gerando o ganho de peso, crescimento, além de evitar as infecções hospitalares”, explica o médico neonatologista.

 

De acordo com o Alex Santana, no início houve estranhamento em relação a permanência do homem dentro da maternidade. Mas, na prática, a adaptação foi muito positiva e a participação efetiva.

 

“Os pais participam dos tratamentos e da rotina da criança, do banho, da ordenha e do estabelecimento do aleitamento materno. Entre os benefícios dessa atuação está a sensação de maior tranquilidade também para a mãe que pode estar com o seu companheiro ao longo desse processo”, diz o neonatologista.

 

Thiago Romão é pai de primeira viagem. O filho Cauã nasceu prematuro há um mês. “Gosto muito do Método Canguru’ pois percebo que acelera o crescimento do meu filho. Podemos pode ver o desenvolvimento de perto e já aprendendo a cuidar. Aprendemos a dar banho, trocar fralda, inclusive, a notar deficiências nele. Se falta respiração ou qualquer outra coisa que ele sinta, já sabemos por conta do método. Aqui, estamos em contato com nosso filho 24 horas”, relata Thiago.

 

Para a mãe de Cauã, Rafaela Barros, 23, essa participação é fundamental inclusive pela mudança de rotina que a chegada do bebê provoca. “Em alguns momentos é cansativo. Até as necessidades primárias passam a ser desafiadoras pois vivemos o dia a dia do bebê prioritariamente. Então, a presença paterna é fundamental”, avalia Rafaela Barros.

 

Já para o pai, também de primeira viagem, Breno Santos, o método ajudou a vencer o que, para ele, era um grande desafio: segurar o bebê. “Os próximos desafios a ser vencidos serão trocar a frauda e acalentá-lo nos momentos de choro”, revela.

 

Etapas

 

O Método Canguru é um modelo de assistência ao recém nascido prematuro, ou com baixo peso, que inclui a família de forma direta no processo de desenvolvimento do bebê. Essa assistência neonatal é dividida em três etapas.

 

A primeira etapa ocorre com a permanência do recém nascido na Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (Utin). Nesse período, a mãe também permanece internada na maternidade.

 

“Na segunda etapa, a criança fica junto com a mãe, ainda internada. Nessa fase o bebê é estimulado a sugar o leite materno e recebe acompanhamento de uma equipe multiprofissional”, explica o médico Alex Santana.

 

O terceiro momento acontece após a criança ganhar peso satisfatório e apresentar quadro clínico estável. A partir daí o bebê recebe acompanhamento até os dois anos de idade por meio do Ambulatório de Follow up.

Publicado: 12 de agosto de 2016, 14:37 | Atualizado: 12 de agosto de 2016, 14:37