Gestação de alto risco: pré- natal adequado reduz complicações no parto
Por Morgana Barbosa
Evitar ou minimizar complicações durante o parto exige das gestantes cuidados prévios, como o indispensável acompanhamento através de um pré-natal adequado, desde o início da gestação. Para os casos classificados como de alto-risco os cuidados devem ser redobrados, pois a assistência especializada é decisiva para garantir a integridade tanto da mãe quanto do bebê. Na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL) esse serviço é garantido.
A unidade, gerida pela Fundação Hospitalar de Saúde (FHS), é referência no atendimento à gestante de alto risco. “As patologias registradas com maior recorrência entre as pacientes admitidas aqui são: hipertensão, diabetes, cardiopatia e o rompimento precoce da bolsa. Nós percebemos que muitas complicações se devem à deficiência do pré-natal”, destaca a coordenadora de internamento e centro cirúrgico da MNSL, a médica Alba Patrícia.
De acordo com a profissional, problemas como infecção urinária, vulvovaginite e outras patologias, quando não tratadas, podem desencadear o trabalho de parto prematuro. “Às vezes a paciente não tem uma gestação de alto risco, mas chega aqui com complicações por não ter recebido esse tratamento durante o pré-natal”, acrescenta.
Assistência adequada
Entre os meses de janeiro e julho de 2016, já foram realizados um total de 4.041 partos na MNSL. Os dados superam os registrados no mesmo período do ano passado, quando foram contabilizados 3.393 procedimentos.
Giovânia dos Santos Pinheiro, 33, é uma dessas mães. Ela nutria o desejo da maternidade, apesar do receio por ser hipertensa e diabética. Para realizar o sonho, buscou orientação e, ao engravidar, encarou com seriedade o pré-natal, assistida pelo Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism).
Diante da avaliação médica, se fez necessária a realização do parto junto a uma equipe especializada da MNSL. “Eu tinha medo, mas queria muito ser mãe. Sabendo que tinha todos esses problemas tomei os cuidados desde o início. Fiz o pré-natal com muita seriedade. Segui a risca todas as indicações médicas, adotando cuidados com a alimentação, tomando as medicações corretamente e fazendo todos os exames regularmente”, relata Giovânia.
A assistência adequada foi decisiva para que hoje ela estivesse com o filho nos braços. “Realizei um sonho. Meu filho nasceu bem, apesar de ter ficado por quatro dias na UTI’n. Aqui eu sei que estou bem assistida e a expectativa é de ir logo para casa”, revela.
Sem alta
De acordo com a obstetra Alba Patrícia, nem todos os procedimentos são realizados adequadamente durante o pré-natal. “Muitas pacientes chegam aqui sem as informações de acompanhamento, exames ou número adequado de consultas. Além disso, quando a paciente completa 37 semanas de gestação, constatamos que recebem orientação de só esperar o bebê nascer e não se consultam mais. Isso não deve ocorrer. Não existe alta do pré-natal. Muitas vezes os problemas, principalmente de hipertensão, acontecem justamente no final da gestação”, alerta a médica.
No caso de Patrícia Santos Moreira , 41, o pré natal foi realizado corretamente desde o momento que foi confirmada a gravidez. Até o oitavo mês de gestação tudo correu bem, mas, de forma repentina, ela começou a apresentar um quadro de hipertensão. O pré-natal e os cuidados pertinentes contribuíram para que fossem adotadas medidas, em tempo hábil, para garantir a saúde tanto dela quanto do bebê.
“Assim que o quadro foi constatado recebi orientação do meu médico para vir até a ‘Lourdinha’. Moro em um local distante, sem essa agilidade na constatação do problema não sei o que poderia ter acontecido comigo e com a minha filha”, conta Patrícia.
Orientação
“As pacientes que desejam engravidar devem procurar o médico com antecedência”, recomenda a obstetra Alba Patrícia. Essa atitude proporcionará a oportunidade de realizar exames prévios e, se for o caso, descobrir de forma precoce a existência de alguma patologia ou outro fator que precise ser tratado.
“Quando a paciente procura um profissional antes de engravidar, é possível, caso seja necessário, corrigir quadros de anemia, tratar uma parasitose, uma infecção urinária e outras patologias, assim como introduzir o ácido fólico. Tudo isso vai colaborar com uma gravidez mais tranquila e com o melhor desenvolvimento do bebê”, complementa a médica.
Já em relação ao pré-natal, as indicações são de que haja uma consulta mensal, desde o início da gestação. A partir do oitavo mês a consulta deve ocorrer a cada 15 dias e quando a gestante chega na 37ª semana a consulta deve ser semanal, até o nascimento do bebê.
“Os exames de laboratório, e outros que se façam necessários, devem ser realizados com regularidade, não apenas a ultrassom, como costuma acontecer”, ressalta a coordenadora de internamento e centro cirúrgico da MNSL.
Prioridade
Apesar de ser uma unidade que funciona em sistema “porta aberta”, a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes atende, prioritariamente, pacientes que tenham patologias relacionadas à gestação.
A classificação é realizada na ocasião do parto. As pacientes são referenciadas para atendimento neste serviço em casos de necessidade de internação clínica e partos que envolvem gestantes com doenças descompensadas (cardiopatia, diabetes, hipertensão, entre outras).
“Nos partos prematuros, caso não haja nenhuma patologia, nenhum problema, ausência de hipertensão, cardiopatia ou se a gestante não estiver diabética, ela deve procurar outra unidade de saúde que possa prestar assistência adequada ao bebê. O nosso diferencial é a assistência à gestante de alto risco”, orienta Alba Patrícia.
Publicado: 26 de agosto de 2016, 16:31 | Atualizado: 26 de agosto de 2016, 16:31