Campanha Setembro Verde pretende incentivar a doação de órgãos e tecidos
Por Luiza Sampaio
Doar. Verbo bitransitivo que, segundo o dicionário Aurélio, significa entregar-se; demonstrar dedicação a uma causa ou pessoa. Juridicamente, o termo traduz o ato de fazer uma transferência legal de bens ou benefícios. Alguns sites de busca definem a palavra como a ação de oferecer, entregar a posse de, ofertar gratuitamente alguma coisa a alguém. De fato, uma mesma palavra pode ter diversos conceitos, a depender do contexto que ela for utilizada.
O caso da expressão “doar”, por exemplo, ganha outro significado quando levado para a vida da estudante Nayane Souza de Oliveira, de 23 anos. “Para mim, significa salvar vidas”, diz a jovem, que é uma das milhares de pessoas no Brasil que aguarda por um transplante de órgãos.
Nayane nasceu com Glomerulonefrite, uma inflamação na região dos rins que só se desenvolveu durante a adolescência.
“Comecei o tratamento com o uso de corticóide, mas não tive boas reações. Há três anos faço hemodiálise e há dois estou na fila por um transplante de rim”, relata. Para chamar atenção da causa e conscientizar a sociedade sobre a importância da doação, em 2015 foi criado o Setembro Verde, uma iniciativa da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos que visa iluminar os principais monumentos e pontos turísticos das cidades brasileiras com luz verde, cor da esperança.
“Esperança em um mundo onde as pessoas tenham consciência da grandeza desse ato. É claro que eu não desejo a morte de ninguém, longe de mim. Mas se a pessoa partiu e pode deixar um legado nesse mundo, que seja através da doação. É um ato de amor sem precedentes”, afirma Nayana Souza.
Abertura
Sergipe é totalmente adepto a causa. Ontem, 13, as ações da campanha tiveram início na Igreja do Santo Antônio. Durante todo o mês de setembro, as fachadas de outras instituições que aderiram à iniciativa, a exemplo do Palácio Serigy (sede da Secretaria de Estado da Saúde), Assembleia Legislativa de Sergipe, reitoria da Universidade Tiradentes, entre outros pontos estratégicos, também estarão na cor verde.
“O transplante é uma modalidade terapêutica que depende primordialmente do doador. Infelizmente, o número de doações ainda não atende a demanda, por isso a importância da participação de todos os segmentos da sociedade, que precisam estar sensibilizados para a importância do gesto”, analisa o diretor da Central de Transplantes, Benito Fernandez, lembrando que durante todo o mês haverá uma programação com palestras e outras ações de conscientização.
De janeiro de 2016 até agora, foram quatro órgãos captados e enviados para outros Estados, sendo dois rins, um fígado e um coração. No ano passado os números foram mais expressivos: foram 137 transplantes de córnea em Sergipe, com 22 órgãos captados e enviados (12 rins, quatro fígados, dois corações e quatro valvas) para outros Estados. Em 2014 foram 132 transplantes de córnea, além de 25 órgãos captados e enviados (14 rins, sete fígados, três corações e um pâncreas).
Avise aos familiares
Como não há nenhum documento que formalize a intenção das pessoas em doar órgãos e tecidos, é preciso que esse desejo seja informado aos familiares. “Ainda há um medo muito grande sobre a doação, por isso é preciso deixar claro a sua vontade e incentivar que os parentes autorizem o procedimento. Os profissionais de saúde, que mantém contato com famílias e são peças essenciais nesse processo, também precisam estar engajados”, enfatiza.
Na casa e nos grupos de amigos de Nayana, esse assunto é uma constante. “Não posso ser doadora devido ao problema de saúde que tenho, mas faço questão de falar sobre o assunto e incentivar quem eu conheço”, complementa. A jovem também pretende ajudar de outra maneira. Apesar de já ser formada em Ciências Sociais, ela agora estuda Enfermagem. “Quero cuidar dos meus pacientes e dar a eles carinho e atenção, pois sei a rotina dura que a pessoa enfrenta quando está com alguma doença”.
Publicado: 13 de setembro de 2016, 14:05 | Atualizado: 13 de setembro de 2016, 14:05