Biossegurança do trabalhador de saúde é discutida em seminário que marca o Abril Verde

Nos últimos cinco anos, Sergipe registrou pouco mais de 1.900 acidentes com material biológico, envolvendo trabalhadores de saúde, segundo consta no sistema de informações do Ministério da Saúde. O número impressiona, mas ainda não representa com exatidão o montante das ocorrências devido à subnotificação dos casos, um problema que a Secretaria de Estado da Saúde (SES) há tempos vem tentando sanar. No mesmo período, 30 municípios sergipanos não notificaram qualquer acidente com material biológico.

Estes foram alguns dos dados abordados na manhã desta quinta-feira, durante o Seminário Estadual Vigilância em Saúde do Trabalhador, realizado no auditório do Hospital de Urgência de Sergipe Governador João Alves Filho (Huse). O evento, que contou com o apoio da Fundação Estadual de Saúde (Funesa), foi voltado para os coordenadores de Vigilância Epidemiológica e de Atenção Primária dos municípios, bem como para referências técnicas da área, sindicatos e conselhos de classe.

Na pauta de debates todos os temas que envolvem a biossegurança do trabalhador, como panorama epidemiológico com material biológico, boas práticas, utilização de EPI, profilaxia e o papel do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), segundo informou a gerente de Vigilância em Saúde do Trabalhador da Secretaria de Estado da Saúde, Christiane Silva de Andrade Hora, salientando que o seminário celebra o Abril Verde, mobilização criada com o objetivo de conscientizar a população sobre segurança e saúde no trabalho.

“Este seminário foi pensado e planejado como um momento de sensibilização e conscientização dos trabalhadores sobre prevenção contra os acidentes de trabalho, principalmente com material biológico, mas também para sensibilizar os profissionais quanto a importância de que estes acidentes sejam notificados. É um tema muito atual, principalmente depois destes dois últimos anos que passamos, quando os profissionais de saúde trabalharam muito mais além de suas rotinas por causa da pandemia”, enfatizou.

O diretor de Vigilância em saúde da Secretaria de Estado da Saúde, Marco Aurélio Góes, apresentou ao público o panorama epidemiológico dos acidentes de trabalho com material biológico. Observou ele que desde a década de 1980, com o surgimento da Aids, os trabalhadores de saúde têm se preocupado com a exposição a material biológico, tanto pelo HIV quanto por outros agentes infecciosos.

“A gente sabe que as infecções podem ser transmitidas para o profissional, principalmente as que se destacam na nossa discussão de hoje que são a Hepatite C, Hepatite B e o HIV”, disse.

Marco Aurélio revelou um dado que o preocupa e a todos que trabalham com segurança e saúde do trabalhador. “Quando pensamos em acidente com material biológico sabemos que os profissionais de enfermagem e médicos estão mais expostos pelo fato de lidarem com agulha, seringas e contato direto. Mas, entre as categorias mais afetados por esse tipo de acidente estão os trabalhadores da limpeza e isso chama a atenção porque traz a tona um fato que é o descarte errado do material biológico por outros profissionais. E isso faz com que trabalhadores da limpeza se acidentem com algo que não é o objeto de sua lida”, ponderou.

Informou que a Secretaria de Estado da Saúde trabalha esse problema a partir das capacitações realizadas nas unidades de saúde, através dos Núcleos de Educação Permanente (NEP), das Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) e do SESMT.

Fotos: Valter Sobrinho

Publicado: 28 de abril de 2022, 15:54 | Atualizado: 28 de abril de 2022, 15:54