Aleitamento materno também contribui para redução dos riscos de câncer de mama

A prática que é fundamental para a saúde dos bebês também beneficia mulheres. Diversos estudos realizados no mundo apontam para o fato de que amamentar é também sinônimo de redução dos riscos do câncer de mama. Cientistas desconfiam que os dois fatores – número maior de filhos e mais tempo de aleitamento – evitam o câncer em virtude da quantidade de hormônios femininos à qual a mulher é submetida ao longo da vida. Amamentando ou ficando grávida, a mulher menstrua menos, o que estaria associado à prevenção ao câncer.

De acordo com a enfermeira Patrícia Farias, do Banco de Leite Humano (BLH) Marly Sarney, instituição ligada à Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL), a amamentação põe em atividade as glândulas mamárias que, por sua vez, precisam ser estimuladas e uma das maneiras de exercer esse estímulo é através do aleitamento materno. “Quando em atividade, as glândulas mamárias estão propensas a menor incidência de nódulos, o que também reduz nas mulheres as chances de desenvolver câncer de mama. Em síntese, a mulher que amamenta tem menor possibilidade de ter a doença, em relação às que não amamentam ou que nunca amamentaram”, explicou Patrícia.

O câncer de mama é o mais comum em mulheres, antes mesmo do câncer de colo de útero. Estudos científicos apontam que para cada ano que a mulher amamenta, seu risco de desenvolver câncer de mama diminui quase 5%. Porém, mesmo para as grávidas, é indicado realizar os exames preventivos. Caso tenha alguma suspeita, a mamografia pode ser indicada, sendo importante solicitar uma proteção especial para o feto. No geral, o exame clínico das mamas deve ser realizado anualmente para todas as mulheres a partir de 35 anos. Já a mamografia é indicada para as que apresentam idade acima dos 40 anos.

Fatores de risco

Alguns fatores de risco relacionados ao câncer de mama são: idade, alterações hormonais, histórico familiar e fatores externos. As mulheres que têm maior probabilidade de desenvolver o câncer de mama são aquelas com histórico familiar no primeiro ou segundo grau direto – mãe, irmã, tia – ou pessoal, assim como em caso de primeira gravidez tardia, alterações hormonais, consumo de álcool, doença mamária prévia, radiação torácica, obesidade, além do consumo excessivo de gorduras.

Conforme dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), estimativas de incidência voltadas para os anos de 2016 e 2017, relacionadas aos casos de câncer de mama, apontam 450 novos casos em Sergipe e 230 em Aracaju. Porém, a doença tem cura se descoberta logo no início, ou seja, quanto mais cedo for diagnosticado, maior a chance de resolução com o mínimo de seqüelas.

Amamentação e doação

O BLH Marly Sarney é referência estadual em serviço de banco de leite e atua na captação e na distribuição do leite materno para bebês de alto risco e prematuros da MNSL. A instituição precisa do apoio de mulheres solidárias que tenham leite em excesso, ou seja, que possuam, em primeira instância, o suficiente para amamentar seus próprios bebês e, em seguida, para doar. As mães que chegam ao BLH são provenientes de todo o Estado e quando se dispõem a doar, elas precisam estar amamentando, não estar ingerindo bebida alcoólica ou medicação que prejudique a amamentação.

Mesmo com tamanha necessidade de novas doadoras, a primeira opção a ser considerada pela equipe multiprofissional do BLH é o apoio dado às mulheres para o aleitamento materno. Seja ela uma gestante que precisa apenas de orientação ou uma lactante em processo de amamentação com necessidade de orientação ou apoio para o processo de amamentar.  Geralmente, ela vai ao banco para obter auxílio e isso não significa que precisa, necessariamente, fazer o cadastro de doadora. Sobretudo, as dificuldades que ela está enfrentando no processo da amamentação serão resolvidas pela equipe atuante e, na oportunidade, se quiser e puder se tornar doadora, a mesma é recebida com alegria na unidade para este fim.

A enfermeira Patrícia Farias ainda destaca que, atualmente, o BLH Marly Sarney dispõe de apenas três doadoras fixas, consideradas de rotina. A maior captação de leite humano, por sua vez, se dá através das próprias puérperas da MNSL, unidade que mantém alta rotatividade de doadoras. “Esses dados estão diretamente ligados à baixa captação do alimento e a grande necessidade de doadoras voluntárias”, frisa a profissional.

O BLH, que antes funcionava no bairro José Conrado de Araújo, agora recebe gestantes e puérperas no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (Caism), localizado na Avenida Presidente Tancredo Neves, bairro Capucho, zona oeste de Aracaju. O novo endereço será mantido temporariamente, até que as obras de reestruturação no antigo espaço, anexo à Maternidade Hildete Falcão Baptista, sejam concluídas.

No endereço provisório do banco as pacientes e os bebês poderão ser atendidos todas as segundas, terças e quartas-feiras no turno da manhã, as quartas também pela tarde e na sexta pela manhã. O horário de funcionamento é das 7h às 17h, sem intervalo para almoço. Para obter mais informações sobre o funcionamento do BLH, o usuário pode entrar em contato pelo (079) 3218 9424.

Publicado: 24 de outubro de 2017, 11:37 | Atualizado: 24 de outubro de 2017, 11:37