Maternidade Nossa Senhora de Lourdes oferta serviço de genética médica
Em Sergipe existem somente dois geneticistas e um deles é servidor da maternidade
A Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL), equipamento da Secretaria de Estado da Saúde (SES), é uma unidade de alta complexidade e tem em seu quadro, profissionais especializados, como é o caso do geneticista. O especialista em Genética Médica é o responsável pela análise, diagnóstico, exame clínico, tratamento e aconselhamento em doenças genéticas.
O médico geneticista Emerson Santana trabalha na maternidade há quase 10 anos, ele faz avaliação dos bebês todas as segundas e quintas-feiras e ainda realiza o acompanhamento daqueles que nasceram prematuros até os dois anos de idade no Ambulatório de Seguimento do Recém-nascido de Alto Risco Maria Creuza de Brito Figueiredo (antigo Follow-up), unidade da MNSL. “Eu avalio os bebês e discuto os casos com os neonatologistas em todas as alas da maternidade, não só na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (Utin)”, esclareceu.
De acordo com o médico, o ideal seria que os casais com algum fator de risco realizassem uma avaliação prévia. “Mas as pessoas tendem a deixar o problema acontecer para depois ir tratar. Então, o ideal seria fazer um trabalho preventivo primeiro”, pontuou.
Avaliação prévia
Segundo Emerson, o público-alvo para passar em uma consulta de avaliação com um geneticista antes de ter um bebê são casais que são primos; mulheres com idade acima de 36 anos e homens com mais de 40, pois têm maiores chances de gerarem bebês com algum problema genético; casais com algum caso de doença genética na família como uma hemofilia; casais que estão tentando há mais de dois anos engravidar e não estão conseguindo, teriam que passar por uma investigação genética para saber se é algum problema de infertilidade; casais que conseguem engravidar, mas que perdem o bebê logo em seguida. “A partir do segundo aborto já teria indicação. O primeiro não, pois consideramos como algo eventual, mas casais com aborto recorrente deveriam passar por uma avaliação”, enfatizou.
E ainda, pessoas que têm histórico de câncer na família. “Mulheres que já tiveram irmãs, tias, avós, com câncer de mama têm maior risco de ter câncer, então poderiam fazer um teste genético para saber se carregam o gene de mutação”, informou.
Durante o pré-natal, por exemplo, se o obstetra pede um ultrassom e detecta que o bebê tem um problema congênito, o ideal é que antes que a criança nasça, esse casal já passe por uma consulta para verificar se é uma possível síndrome. “Ou se o obstetra já detectou algum tipo de anomalia, o bebê parece não estar crescendo muito, tem os braços e as pernas um pouco curtas, será que é um tipo de nanismo, uma displasia esquelética? Enfim, qualquer alteração no feto que suspeite de alguma síndrome, é interessante passar por uma consulta com um geneticista”, destacou.
No entanto, a maioria dos casos com algum problema genético só é descoberto depois que o bebê nasce. Então é realizada a avaliação, uma conversa com os pais e avós e solicitados alguns exames que já são colhidos na maternidade, como o cariótipo para ver os cromossomos do bebê. “Esse exame é enviado para São Paulo e demora 30 dias para receber o resultado. Mesmo que a criança já tenha recebido alta, ela é encaminhada para o ambulatório de seguimento e fazemos o acompanhamento até os dois anos, depois desse período ela é destinada para a rede do SUS, na cidade de origem. No Hospital Universitário (HU) também tem uma geneticista que acompanha a criança dos dois anos até a fase adulta”, acrescentou.
Síndromes raras
Na MNSL são realizados cerca de 400 partos por mês. Por ser uma maternidade de alto risco, com muitos partos prematuros, há ocorrência de síndromes raras, como a síndrome de Patau. “No último mês tivemos três casos aqui na maternidade. Essa síndrome ficou em evidência nos últimos meses por causa do caso do filho de um cantor bem conhecido, mas a incidência é rara, é um caso para cada 10 mil nascidos”, disse o geneticista.
As doenças cromossômicas não têm cura, mas tem tratamentos paliativos. “Aqui na maternidade tem uma médica paliativista. Aliás quando se detecta que o bebê vai ter alguma má formação, a mãe já é direcionada para realizar o parto aqui, porque aqui existe uma equipe completa de especialistas, temos cirurgião pediátrico, ecocardiologistas, equipe multiprofissional, enfim, especialistas que não são comuns em outras maternidades”, explicou.


Fotos: Flávia Pacheco| Ascom SES
Publicado: 18 de setembro de 2023, 12:06 | Atualizado: 18 de setembro de 2023, 12:06