SÍFILIS

Um perigo que está se espalhando.

Proteja-se!

A Sífilis é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) curável e exclusiva do ser humano, causada pela bactéria Treponema pallidum. Pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária).

No estágio primário e secundário da infecção, a possibilidade de transmissão é maior. A Sífilis pode ser transmitida por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada ou para a criança durante a gestação ou parto.

A infecção por Sífilis pode colocar em risco não apenas a saúde do adulto, como também pode ser transmitida para o bebê durante a gestação. O acompanhamento das gestantes e parceiros sexuais durante o pré-natal previne a Sífilis congênita e é fundamental.

Se não houver o tratamento adequado, a Sífilis pode levar a criança ou adulto à morte.

QUAIS SÃO OS SINAIS E SINTOMAS?

Os sinais e sintomas da sífilis variam de acordo com cada estágio da doença, que se divide em:

Primária

  • Ferida, geralmente única, no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca ou outros locais da pele), que aparece entre 10 a 90 dias após o contágio. Essa lesão é rica em bactérias;
  • Normalmente não dói, não coça, não arde e não tem pus, podendo estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha.

Secundária

  • Os sinais e sintomas aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial;
  • Pode ocorrer manchas no corpo, que geralmente não coçam, incluindo palma das mãos e plantas dos pés. Essas lesões são ricas em bactérias;
  • Pode ocorrer febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas pelo corpo.

Latente – fase assintomática

  • Não aparecem sinais ou sintomas;
  • É dividida em sífilis latente recente (menos de dois anos de infecção) e sífilis latente tardia (mais de dois anos de infecção);
  • A duração é variável, podendo ser interrompida pelo surgimento de sinais e sintomas de forma secundária ou terciária.

Terciária – fase mais grave da doença

  • Pode surgir de 2 a 40 anos depois do início da infecção;
  • Costuma apresentar sinais e sintomas, principalmente lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte caso não haja tratamento.

UMA INFECÇÃO SILENCIOSA

Uma pessoa pode ter sífilis e não saber, isso porque a doença pode aparecer e desaparecer, mas continuar latente no organismo. Por isso é importante se proteger, fazer o teste e, se a infecção for detectada, tratar da maneira correta. O não tratamento da sífilis pode levar a várias outras doenças e complicações, inclusive à morte.

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO?

Os testes imunológicos são os mais utilizados na prática clínica. São divididos em dois grupos: Treponêmicos – detectam anticorpos específicos produzidos contra os antígenos de T. pallidum. São os primeiros a se tornarem reagentes. Os mais utilizados e disponíveis no SUS são os testes rápidos (TR). O FTA-Abs também é teste treponêmico. O teste rápido (TR) de sífilis está disponível nos serviços de saúde do SUS, sendo prático e de fácil execução, com leitura do resultado em, no máximo, 30 minutos, sem a necessidade de estrutura laboratorial. Esta é a principal forma de diagnóstico da sífilis.

Nos casos de TR positivos (reagentes), uma amostra de sangue deverá ser coletada e encaminhada para realização de um teste laboratorial (não treponêmico, sendo o mais usado o VDRL) para confirmação do diagnóstico.

Testes não treponêmicos detectam anticorpos anticardiolipina não específicos para os antígenos do T. pallidum. Permite uma análise qualitativa e quantitativa. São utilizados no monitoramento da resposta ao tratamento. Trata-se do teste denominado VDRL cujos resultados são expressos em título (1;2,1:4,1/16…).

Em caso de gestante, devido ao risco de transmissão ao feto, o tratamento deve ser iniciado com apenas um teste positivo (reagente) treponêmico, sem precisar aguardar o resultado do segundo teste (VDRL).

COMO É FEITO O TRATAMENTO?

O tratamento de escolha é a Benzilpenicilina benzatina, que poderá ser aplicada na unidade básica de saúde mais próxima de sua residência. Esta é, até o momento, a principal e mais eficaz forma de combater a bactéria causadora da doença.

Quando a sífilis é detectada na gestante, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, com a penicilina benzatina. Este é o único medicamento capaz de prevenir a transmissão vertical, ou seja, de passar a doença para o bebê.

A parceria sexual também deverá ser testada e tratada para evitar a reinfecção da gestante. São critérios de tratamento adequado à gestante:

  • Administração de penicilina benzatina;
  • Início do tratamento até 30 dias antes do parto;
  • Esquema terapêutico de acordo com o estágio clínico da sífilis;
  • Respeito ao intervalo recomendado das doses.

O QUE É SÍFILIS CONGÊNITA?

A sífilis congênita é uma doença transmitida para criança durante a gestação (transmissão vertical). Por isso, é importante fazer o teste para detectar a sífilis durante o pré-natal e, quando o resultado for positivo (reagente), tratar corretamente a mulher e sua parceria sexual, para evitar a transmissão.

Recomenda-se que a gestante seja testada pelo menos em três momentos:

  • Primeiro trimestre de gestação;
  • Terceiro trimestre de gestação;
  • Momento do parto ou em casos de aborto.

A sífilis congênita pode se manifestar logo após o nascimento, durante ou após os primeiros dois anos de vida da criança.

 Deve-se avaliar a história clínico-epidemiológica da mãe, o exame físico da criança e os resultados dos testes, incluindo os exames radiológicos e laboratoriais, para se chegar a um diagnóstico seguro e correto de sífilis congênita.

Em caso de gestante, devido ao risco de transmissão ao feto, o tratamento deve ser iniciado com apenas um teste positivo (reagente), sem precisar aguardar o resultado do segundo teste.

Quais são as complicações da sífilis congênita?

São complicações da sífilis congênita:

  • Aborto espontâneo;
  • Parto prematuro;
  • Má-formação do feto;
  • Surdez;
  • Cegueira;
  • Deficiência mental;
  • Morte ao nascer.

Vigilância Epidemiológica e Notificação dos Casos de Sífilis

A sífilis é uma doença que pode ser prevenida e tratada. A correta notificação dos casos permite que medidas de controle possam ser tomadas com vistas a erradicar a doença e suas graves consequências para a saúde pública.

A notificação é obrigatória nos casos de sífilis adquirida, sífilis em gestante e sífilis congênita, conforme portaria vigente do Ministério da Saúde.

MEDIDAS DE CONTROLE E PREVENÇÃO À SÍFILIS

Sífilis adquirida

  • Realizar abordagem centrada na pessoa e em suas práticas sexuais.
  • Contribuir para que a pessoa minimize o risco de infecção por uma infecção sexualmente transmissível (IST).
  • Informar a pessoa sobre a possibilidade de realizar prevenção combinada para IST/HIV/ hepatites virais.
  • Oferecer testagem (especialmente teste rápido) para HIV, sífilis e hepatites B e C.
  • Oferecer vacinação para hepatite A e hepatite B; e para HPV, quando indicado. Consultar calendário de vacinação do Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde.
  • Orientar para que a pessoa conclua o tratamento, mesmo se os sinais/sintomas tiverem desaparecido.
  • Agendar o retorno para seguimento e controle de cura.
  • Tratar, acompanhar e orientar parcerias sexuais. As parcerias sexuais de casos de sífilis recente (primária, secundária ou latente precoce) podem estar infectadas, mesmo apresentando testes imunológicos não reagentes, portanto devem ser tratadas presumivelmente com apenas uma dose de penicilina intramuscular (2.400.000 UI).
  • Oferecer preservativos (feminino/masculino) e orientar sobre o uso em todas as relações sexuais.
  • Notificar e investigar o caso.

Sífilis em gestante

  • As medidas de controle devem abranger os momentos antes e durante a gravidez, bem como o momento da internação para o parto ou a curetagem por abortamento. A sífilis congênita é passível de prevenção quando a gestante com sífilis é tratada adequadamente.

Antes da gravidez

  • Realizar testagem para sífilis em mulheres que manifestem a intenção de engravidar.
  • Testar parcerias sexuais.
  • Iniciar imediatamente tratamento das mulheres e suas parcerias sexuais após diagnóstico.
  • Seguir demais recomendações, como nos casos de sífilis adquirida.

Durante a gravidez

  • Realizar testagem para sífilis na primeira consulta de pré-natal, idealmente no primeiro trimestre, no início do terceiro trimestre (a partir da 28ª semana), no momento do parto, ou em caso de aborto, exposição de risco e violência sexual.
  • Orientar para que a gestante conclua o tratamento, mesmo se os sinais/sintomas tiverem desaparecido.
  • Agendar o retorno para seguimento e controle de cura.
  • Oferecer preservativos e orientar sobre técnicas de uso em todas as relações sexuais.
  • Tratar, acompanhar e orientar parcerias sexuais. As parcerias sexuais de casos de sífilis recente (primária, secundária ou latente precoce) podem estar infectadas, mesmo apresentando testes imunológicos não reagentes, portanto devem ser tratadas presumivelmente com apenas uma dose de penicilina intramuscular (2.400.000 UI).
  • Investigar a(s) parceria(s) sexual(is).
  • Notificar a gestante e sua(s) parceria(s) sexual(is) sempre que forem identificadas laboratorialmente e/ou clinicamente, conforme a definição de caso.

REFERÊNCIAS

  • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2022.

  • BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde.  Guia de Vigilância em Saúde [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde.

  • Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde. – 5. ed. rev. e atual. – Brasília : Ministério da Saúde, 2022.

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