Sergipe voltará a fazer transplantes cardíacos

Por Acácia Mérici

Centro cirúrgicoA Central Estadual de Transplantes é uma unidade da Secretaria de Estado da Saúde (SES) que funciona em conjunto com a Organização de Procura de Órgãos (OPO). O serviço é ligado à Central Nacional de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos para agilizar os procedimentos e evitar a perda de órgãos.

De janeiro de 2016 até agora, foram realizados 44 transplantes de córnea em Sergipe. No período, foram 4 órgãos captados e enviados para outros Estados, sendo 2 rins, 1 fígado e 1 coração.

 

Já no ano passado, foram 137 transplantes de córnea em Sergipe, com 22 órgãos captados e enviados (12 rins, 4 fígados, 2 corações e 4 valvas) para outros Estados.
No ano de 2014 foram realizados em Sergipe 132 transplantes de córnea e captados e enviados 25 órgãos (14 rins, 7 fígados, 3 corações e 1 pâncreas).

 

Segundo Benito Fernandez, coordenador da Central Estadual de Transplantes, é preciso conscientizar as famílias de potenciais doadores e também profissionais da saúde, para que notifiquem a possibilidade da doação.

 

“O profissional de saúde é quem inicia todo o processo que torna a doação possível através do diagnóstico de morte encefálica. Cabe a família autorizar a doação, que pode salvar a vida de outras pessoas”, explica.

 

benito fernandezDe acordo com o coordenador da Central de Transplantes, a morte encefálica é a parada total e irreversível de todas as funções do cérebro. Ele explica que nesse estágio, não há sangue circulante nem atividade e, por conta disso, a pessoa é considerada morta. Somente as pessoas que forem notificadas com morte encefálica e com a autorização da família poderão ter os órgãos doados.

 

“Para doar órgãos é preciso ter o diagnóstico de morte encefálica, o que não aconteceu, por exemplo, com a jovem vítima do acidente em um shopping, que teve morte por parada cardíaca. Nesses casos específicos, é possível doar as córneas até seis horas depois da parada cardíaca. A doação das córneas foi realizada e o transplante provavelmente será na sexta-feira, 10, uma vez que a córnea pode ficar no líquido de preservação por até 14 dias”, afirma Benito.

 

Ainda segundo o coordenador, “quando temos um órgão disponível para captação, entramos em contato com a Central Nacional de Transplantes, que envia uma equipe até o Estado para realizar essa captação. Porém ainda há um medo muito grande das pessoas sobre a doação, por isso é preciso incentivar que as famílias autorizem essa doação”.

 

Novos tempos

 

Por enquanto, Sergipe só realiza transplante de Córnea. A boa notícia é que, em breve, o estado voltará a fazer transplantes cardíacos.

 

“O Hospital do Coração e a equipe transplantadora já estão habilitados pelo Ministério da Saúde para realizar transplantes cardíacos, atendendo aos pré-requisitos da Portaria 2600/09, que é o regulamento técnico do Sistema Nacional de Transplantes”, destaca a secretária de Estado da Saúde, Conceição Mendonça.

 

Conceição MendonçaPara a gestora Estadual, a retomada das atividades dos transplantes cardíacos em Sergipe possui vários aspectos positivos, tanto para o paciente quanto para o SUS no Estado.

 

“Para o paciente, esta é a possibilidade de acolhimento próximo à sua residência, com suporte emocional de seus familiares, o que, certamente, aumentam as chances de sucesso e diminui o tempo de recuperação. Este é mais um grande avanço do SUS Sergipe porque agrega a capacidade tecnológica e a resolubilidade, além de economia ao Estado com despesas de Tratamento Fora do Domicílio, recoloca Sergipe no seu papel vanguardista na área de transplantes cardíacos, berço de grandes cirurgiões e de renomados serviços nessa área”, pontuou.

 

Governo garante tratamento

 

Os usuários do SUS têm acesso aos serviços através das Portas de Entrada.  A Lei Estadual 6.345/08, no artigo 21, estabelece como “portas de entrada” do SUS de Sergipe: Unidades de Atenção Básica (nelas compreendidas os serviços de saúde da família), Unidades de Urgência e Emergência (entre as quais o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência – SAMU), Centros de Atenção Psicossocial, unidades especiais de acesso aberto.

 

Uma vez no SUS, o usuário será encaminhado ao serviço de referência que atenda a sua necessidade. No SUS existem níveis de complexidade, tornando visível a hierarquização da rede de atenção à saúde que segue uma lógica de atendimento: no próprio Município (nível local, população própria), no Município sede de região (nível regional, população própria e referenciada), no Município polo (nível estadual, somente Aracaju, população própria e referenciada).

 

Segundo a diretora de Gestão de Sistema da SES, Tina Luiza Cabral, observada que a necessidade do cidadão não pode ser resolvida no Estado, a Central de Tratamento Fora do Domicílio (TFD) é acionada a fim de que o usuário seja encaminhado a um serviço credenciado na Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade (CNRAC).

 

“O TFD é considerado um alto nível de complexidade pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Depois que o usuário passa pelos serviços ofertados pelo município de origem, pela região onde mora e pelo polo estadual e não pode ter o problema resolvido, ele será encaminhado para algum serviço no país para que possa fazer o tratamento de saúde, seja transplante ou não”, destaca Tina Cabral.

 

O TFD conta com uma equipe de médicos peritos, assistentes sociais, serviço de emissão de passagens e ajuda de custo.

 

Educação

 

A Central de Transplantes de Sergipe realiza vários projetos educativos como o “Educar para Doar”, realizando palestras em escolas para adolescentes que são formadores de opinião, e o “É Dando que se Recebe” para empresas, associações de bairros, igrejas etc.

 

“O importante é formar multiplicadores da informação, para que o cidadão bem instrumentalizado e conhecendo todo o processo Doação/Transplante possa decidir pela doação de forma mais consciente”, enaltece Benito Fernandez.

 

Os telefones de contato da Central Estadual de Transplantes é (79) 3259-2599 ou 3941.

Publicado: 8 de junho de 2016, 20:25 | Atualizado: 8 de junho de 2016, 20:25