Seminário debate incidência do câncer em Sergipe, no Brasil e no mundo
O evento contou com a palestra da Dra. Isabelle Soerjomataram, que é epidemiologista médica da Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (IARC)
Foi realizado nesta sexta-feira, 26, no auditório do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), unidade gerenciada pela Secretaria de Estado da Saúde (SES), o Seminário sobre Epidemiologia do Câncer em Sergipe, na América Latina e no mundo. O evento contou com a presença da Dra. Isabelle Soerjomataram, que é epidemiologista médica da Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (IARC) e que falou sobre a incidência de câncer no mundo, dando enfoque na América Latina.
O diretor técnico do Huse, Vagner Andrade, participou do evento e afirmou ser uma oportunidade ímpar de conhecimento. “Esse é mais um momento importante para um debate sobre o registro de câncer no Brasil e no mundo. Uma oportunidade ímpar de conhecimento, num país onde o câncer é uma doença altamente prevalente, com todo o contexto social e político envolvido. É sempre muito interessante ter uma visão maior do que a nossa cidade, o nosso Estado e nosso país”, destacou.
O seminário teve início com a palestra da referência da Atenção Oncológica da SES, Lívia Angélica da Silva. Ela destacou os aspectos da política de organização da oncologia no Brasil, através das portarias que estabelecem as formas de cuidado que vão desde o nível da atenção primária até a hospitalar que se faz desde 2012 com o plano de expansão da radioterapia e que Sergipe foi contemplado com um acelerador linear e está trabalhando para ofertar sempre uma melhor qualidade no atendimento.
“Essa é uma troca de experiência muito rica. A gente tem um aspecto da epidemiologia do câncer bem importante, dois registros de câncer entre os demais registros que são oficiais e a gente tem o hospitalar de câncer que fica dentro dos hospitais e o de base populacional, a importância de conhecer os nossos dados indicadores através da epidemiologia, faz com que a gente possa planejar políticas de saúde. Os canceres mais prevalentes que a gente precisa cuidar para essa população, desde a atenção primária até o hospital. A presença dessa pesquisadora aqui no nosso Estado é de uma significância positiva, pois, os nossos dados são enviados para esse lugar onde ela avalia e a gente tem um dos melhores registros que trata da estimativa de câncer aqui no Estado e que tem nos ajudado a planejar”, afirmou Lívia Angélica.
O cirurgião oncológico, Dr. Carlos Anselmo Lima, destacou a importância do evento e da presença da pesquisadora. Ele explicou que somente os registros de boa qualidade é que fornecem os dados para a Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer (IARC) e Sergipe foi escolhido dentro desses critérios de qualidade. “Ela trabalha numa agência que faz pesquisa e fornece informações sobre diversos agentes cancerígenos para o mundo inteiro e temos a honra de sermos agraciados com a visita dela. Somente os registros de câncer de boa qualidade é que fornecem dados para essa agência. No Brasil, somos seis registros de 27 em funcionamento, então, passa por critérios de qualidade. Se o nosso registro esta inserido na agência é porque temos qualidade muito boa, comprovada por eles”, pontuou o médico.
A epidemiologista médica da IARC, Dra. Isabelle Soerjomataram, é quem produz os dados sobre a epidemiologia do câncer no mundo inteiro a partir de dados do registro de câncer. A sua abordagem não é apenas avaliar, compilar e usar os dados colaboradores do registro de câncer da agência nessas estimativas, mas também trabalhar em conjunto com a equipe nacional para melhorar a qualidade dos dados locais, a cobertura dos registros e a capacidade analítica.
Durante o evento foi visualizado dados para prever a incidência futura e mortalidade para um determinado país ou região das estimativas atuais em 2018 até 2040, com base em estimativas de incidência, mortalidade e prevalência de 36 tipos específicos de câncer e de todos os locais de câncer combinados em 185 países ou territórios do mundo em 2018.
O oncologista clínico, William Giovanni Soares, participou do evento e destacou a importância dos dados serem discutidos e apresentados não só para os oncologistas terem ciência de quais são os principais tipos de câncer e os acometimentos, mas, para que os gestores saibam qual tipo de câncer e quais pacientes terão um investimento e um cuidado maior. Durante a tarde, a pesquisadora fez uma visita geral para conhecer o espaço e o funcionamento dos registros de câncer no Centro de Oncologia do Huse.
“Isso é uma fonte básica de dados para a gente ter uma padronização e organização de todo o sistema, além de um planejamento futuro do tratamento do paciente oncológico. A partir desses dados vamos ter recursos injetados na prevenção de certos tipos de câncer, um aumento na incidência de um ou outro tipo, e ter recursos alocados pra esse local e com isso, conseguir poupar várias vidas. Existe uma diferença regional muito grande e a exposição desses dados faz com que se tenha uma atenção individualizada para cada cidade e região. Esses dados são importantes nesse sentido porque é muito difícil existir uma politica nacional com um Brasil tão heterogêneo diferente, a realidade do que um município do interior de Sergipe precisa é diferente da realidade de uma cidade, de uma capital do sul do Brasil”, enfatizou.
Fotos: Flávia Pacheco ASCOM SES
Publicado: 26 de abril de 2019, 16:56 | Atualizado: 26 de abril de 2019, 16:56