Ministério da Saúde e SES realizam oficina sobre vigilância de violências

Em parceria com o Ministério da Saúde (MS), a Secretaria de Estado da Saúde (SES) realiza nesta quinta e sexta-feira, 9 e 10, a segunda etapa da oficina de análise de dados para vigilância epidemiológica de doenças crônicas não transmissíveis, violências e acidente, desta vez com o foco na violência sexual e doméstica. A capacitação, que está sendo realizada na Faculdade Estácio, é destinada a técnicos da SES: gestores da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes e Hospital de Urgência de Sergipe (huse) e coordenadores de vigilância epidemiológica das Regiões de Saúde.

O objetivo principal da oficina, que é ministrada por duas técnicas do Ministério da Saúde, é o de melhorar as notificações e dar visibilidade às populações mais vulneráveis às diversas formas de violência que são mulheres, idosos, crianças e adolescentes, negros e pessoas LGBT, segundo informou a Analista Técnica de Políticas Sociais do Ministério da Saúde, Leandra Lofego Rodrigues.

Os participantes serão multiplicadores da oficina para os seus municípios que, por sua vez, repassarão os ensinamentos para as equipes de profissionais que atuam nos postos de saúde, hospitais e maternidades, como destacou a Área Técnica de Violência e Acidentes da Diretoria de Vigilância em Saúde da SES, Karla Danielle Anacleto.

De acordo com informações de Leandra Rodrigues, a oficina surgiu da necessidade de parar com o silêncio dos municípios em relação às notificações de violência. “A gente fez uma avaliação em nível de Brasil para quantificar os Estados e particularmente os municípios silenciosos, que não fazem notificações, e vimos que os principais estão no Nordeste. Estamos começando por Sergipe para ver se melhoramos justamente o número de municípios que estão em silêncio”, disse.

Ela avalia que, embora os municípios não notifiquem, os casos de violência acontecem e por isso as notificações precisam acontecer. Primeiro porque o serviço de saúde pode fazer o encaminhamento da pessoa que sofreu a violência para órgãos de proteção ou responsáveis. Segundo porque é preciso ter informações para resolver os problemas.

“Precisamos ter números, saber se a violência atinge mais mulheres ou criança, se as vítimas são deficientes ou idosos, onde está acontecendo, em que região do município é mais frequente, qual o período do ano que acontece mais violências, enfim, o perfil do agravo, para estimarmos a sua magnitude como problema de saúde para implementarmos políticas de enfrentamento, com ações de prevenção e proteção”, explicou Leandra Rodrigues.

Serviço

A oficina abriu espaço para a técnica de enfermagem Meirevânia Mendonça de Lima apresentasse o serviço que a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes oferta às vítimas de violência sexual. “Trabalhamos em regime de 24 horas, com uma equipe multidisciplinar que conta com três médicos, dois assistentes sociais, dois psicólogos, um técnico de enfermagem e um auxiliar de enfermagem, na assistência aos casos crônicos e agudos”, informou ela.

Os casos crônicos são aqueles em que a pessoa vem sofrendo a violência há algum tempo e, neste caso, o atendimento é agendado. O agudo é aquele caso que ocorreu há poucas horas e exige urgência no atendimento pela necessidade da aplicação das medidas de profilaxia, o que deve acontecer até 72 horas após o ataque.

Ela informou que na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes as vítimas de violência têm assistência médica durante seis meses, enquanto a psicológica não tem prazo para terminar. Somente no último mês de abril, a unidade registrou 50 novos casos de abuso e violência sexual contra mulheres e crianças de ambos os sexos.

 Fotos: Flávia Pacheco ASCOM SES

Publicado: 9 de maio de 2019, 15:39 | Atualizado: 9 de maio de 2019, 15:39