Campanha Janeiro Roxo alerta sobre os cuidados com a Hanseníase
Por Herieta Schuster
Fotos: Arquivo SES
Durante muitos anos, o véu do preconceito e da desinformação colocou pessoas que contraíam a Hanseníase (que antigamente era nomeada de Lepra) à margem da sociedade. Só depois de muitos anos e vários estudos, foi comprovado que a maioria das pessoas é resistente ao bacilo e não o desenvolve.
Com o intuito de conscientizar a população para a prevenção e o tratamento correto da Hanseníase, o Ministério da Saúde lançou a campanha “Janeiro Roxo”, com ações educativas para alertar sobre a doença em todo território brasileiro.
No ano passado, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) notificou 289 novos casos da doença em Sergipe, sendo que 21 deles foram relacionados a menores de 15 anos.
O médico infectologista da SES, Marco Aurélio Góes, explica que, durante muitos anos, as pessoas com Hanseníase eram mantidas afastadas do convívio social.
“A Hanseníase é uma doença milenar. O nome de Lepra ainda é chamado em alguns países. Antes de descobrir que era uma doença infectocontagiosa, ela esteve ligada a muitos estigmas, como uma doença do pecado. As pessoas eram praticamente retiradas dos seus domicílios e ficavam em colônias com outros infectados. Estavam tão à margem da sociedade que acabavam casando entre si e construindo famílias nesse ambiente”, relata.
O infectologista explica que essa doença é causada pelo bacilo de Hansen, o Mycobacterium leprae, um parasita que ataca a pele e nervos periféricos. Ele pode afetar outros órgãos como o fígado, os testículos e os olhos. Não é, portanto, hereditária.
“Normalmente, os primeiros sintomas da doença é o aparecimento de manchas dormentes, de cor avermelhada ou esbranquiçada, em qualquer região do corpo. Placas, caroços, inchaço, fraqueza muscular e dor nas articulações podem ser outros sintomas. Essas manchas aparecem em lugares onde a pessoa não tem suor, porque a doença mexe com as glândulas sebáceas. Na maioria das vezes, a pessoa sente dormência no local ou coceira constante”, enfatiza Marco Aurélio Góes.
Tratamento
A gerente do Núcleo de Doenças Transmissíveis da SES, Mércia Feitosa, explica que “o tratamento da Hanseníase é via oral, constituído pela associação de dois ou três medicamentos, sendo denominado de poliquimioterapia. É importante também que as mães vacinem seus filhos com a BCG nos primeiros meses de vida. Se a pessoa contraiu a doença, é importante que os familiares tomem a segunda dose da BCG”, alerta a gerente.
Ela explica que aproximadamente 95% dos parasitas são eliminados na primeira dose do tratamento, já sendo incapaz de transmiti-los a outras pessoas. Por isso, é fundamental fazer o tratamento corretamente, que é gratuito e fornecido pelo Ministério da Saúde para todos os Estados.
“A adesão ao tratamento garantirá a cura da doença e a prevenção de complicações pertinentes”, relata Mércia Feitosa.
Publicado: 28 de janeiro de 2017, 09:41 | Atualizado: 28 de janeiro de 2017, 09:41