Avanços e desafios da Saúde Mental são debatidos em Sergipe
Por Morgana Barbosa
Em alusão ao Dia Nacional da Luta Antimanicomial, a Secretaria de Estado da Saúde (SES), através da Coordenação de Atenção Psicossocial, apoiou a programação desenvolvida hoje, 19, pelo movimento “Loucomotiva”. O evento foi realizado na praça General Valadão, no centro de Aracaju, e reuniu usuários dos Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de diversos municípios, além de gestores, estudantes e profissionais envolvidos com trabalhos voltados à saúde mental em Sergipe.
“Essa é uma ação conjunta em defesa do cuidado e liberdade, da ocupação do território e dos espaços onde as pessoas possam assumir as suas diferenças e serem cuidados dessa mesma forma”, explica a coordenadora da Atenção Psicossocial da SES, Sony Petris.
No local foram realizadas apresentações culturais, oficinas, exibição de filmes e debates. Também foram ofertados serviços de saúde para os participantes como aferição de pressão arterial e massagens, além da exposição de peças artesanais que são confeccionadas pelos próprios usuários dos Caps.
O programa Estadual DST/Aids, da SES, levou ao evento ações educativas sobre prevenção às doenças sexualmente transmissíveis, assim como distribuiu camisinhas e material informativo.
A luta antimanicomial em Sergipe foi o tema central do evento que, através de sua programação, apresentou à sociedade sergipana os resultados do modelo de cuidados adotados com o público assistido pelos Centros de Atenção Psicossocial.
“Antes, as pessoas com transtorno mental e usuários de drogas eram enclausurados nos manicômios, recebendo, inclusive, castigos físicos. Mas, através da luta antimanicomial e da reforma psiquiátrica brasileira, nós conseguimos mudar o modelo de cuidados com esse público, que passou a ser assistido pelos Caps”, esclarece a assistente social e integrante do movimento “Loucomotiva”, Maisa Aguiar.
Dona Alian Santana, que é assistida pelo Caps Liberdade no bairro Siqueira Campos, se mostra satisfeita e aponta benefícios proporcionados pelo tratamento oferecido na unidade. “Para mim é muito bom frequentar o Caps. Faço atividades físicas, oficinas de pintura. O que eu quero mesmo é não voltar para a clínica de repouso”, revela Alian Santana.
Já Felipe Gabriel, aos 9 anos de idade, é uma das crianças que fazem uso dos serviços do Caps Artur Bispo do Rosário, também no Siqueira Campos. Durante o evento, ele participou da oficina de confecção de peças com jornal. Sua mãe, Dona Valmira Santos, acompanha de perto o aprendizado do filho.
“A evolução dele está sendo cada vez melhor lá no Caps. Ele participa das atividades e aprende muitas coisas interessantes. Eu não perco nenhum dia porque lá é muito bom para o desenvolvimento”, disse Dona Valmira.
Ainda como parte da programação aconteceu um cortejo, que seguiu da praça General Valadão até a Câmara Municipal de Aracaju, onde ocorreu uma audiência pública sobre políticas relacionadas à saúde mental.
“Durante a audiência pública, nós buscamos justamente dar nosso recado. Dizer que a gente quer que esse modelo não retroceda, a gente quer consolidar esses avanços da reforma psiquiátrica”, destaca a representante do movimento “Loucomotiva”, Maisa Aguiar.
Para o presidente da associação dos usuários de saúde mental de Sergipe, Oliveira Rodrigues, um dos grandes desafios para a saúde mental é também diminuir o preconceito sobre o tema e sobre os usuários.
“A quebra do preconceito tanto do familiar quanto da sociedade. Desejamos que o público conheça o assunto e não veja os usuários como um “empecilho”, mas como pessoas que merecem atenção e respeito”, destacou Oliveira Rodrigues.
Loucomotiva
O movimento “Loucomotiva” atua desde 2015 em prol da consolidação de avanços e aprimoramento da política pública de saúde mental. O movimento é integrado por trabalhadores, gestores, estudantes, usuários, Associação dos Usuários da Saúde Mental e militantes.
Desde o final do ano passado, vem sendo realizadas reuniões com o objetivo de construir estratégias de defesa aos princípios da reforma psiquiátrica e aos cuidados e liberdade no processo de acompanhamento das pessoas com transtornos mentais.
SES
A Secretaria de Estado da Saúde, através da Coordenadoria de Atenção Psicossocial, atua com apoio técnico e institucional aos municípios para que eles possam desenvolver suas atividades.
“Um dos pontos de discussão em meio ao nosso trabalho é o protagonismo do usuário. Eles estão aqui fazendo esse movimento. Essa é uma demonstração de que a pessoa com transtorno mental consegue”, acrescenta Sony Petris.
Publicado: 19 de maio de 2016, 19:50 | Atualizado: 19 de maio de 2016, 19:50