Aracaju é a segunda capital do país com menor índice de fumantes

Por Luiza Sampaio
fumantes (3)Por ano, cerca de seis milhões de pessoas no mundo morrem por complicações de saúde causadas pelo tabaco. Dessa quantidade, quase 600 mil não são fumantes, mas vítimas do fumo passivo, o que torna o dado ainda mais alarmante. No Brasil, são 300 mil mortes anualmente, uma problemática que atinge pessoas de ambos os sexos e diferentes faixas etárias. Para tentar ressaltar os riscos do uso do cigarro e alertar sobre as doenças e mortes evitáveis relacionadas ao tabagismo, desde 1987, a Organização Mundial da Saúde (OMS) comemora o Dia Mundial sem Tabaco, em 31 de maio.

Para a coordenadora do Programa Estadual de Controle do Tabagismo de Sergipe, Lívia Angélica da Silva, a data é uma oportunidade de discutir o assunto e formar multiplicadores desse conhecimento. “Se não houver alterações neste cenário atual, estão previstas mais de 80 milhões de mortes por ano, a partir de 2030. Mais de 80% desses casos evitáveis atingirão pessoas que vivem em países de baixa e média renda, uma situação que preocupa as autoridades de saúde”, completa.

O Brasil segue um curso mais animador. O registro da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) mostra que, nos últimos nove anos, o número de fumantes caiu 30,7% no país. “Aracaju é a segunda capital com menor índice de fumantes, com 6,6% da população. Ainda assim, a preocupação da Secretaria de Estado da Saúde (SES) é grande, pois entendemos que o trabalho de conscientização e prevenção deve ser contínuo”, ressalva Lívia Angélica.

Ações de prevenção

Em parceria com o Ministério da Saúde e com as secretarias municipais, o Programa de Controle de Tabagismo tem atuado de maneira a reduzir a prevalência de fumantes e a consequente morbimortalidade por doenças relacionadas ao tabaco. A estratégia é adotar ações de prevenção de iniciação ao tabagismo, proteção da população contra a exposição ambiental à fumaça de tabaco, promoção e apoio à cessação de fumar, regulação dos produtos de tabaco através de ações educativas e de mobilização de políticas e iniciativas legislativas e econômicas.

“Este ano, a campanha destaca as embalagens padronizadas de tabaco, tema que será trabalhado internacionalmente”, enfatiza. Isso porque os países vêm avançando na proibição da publicidade e promoção de produtos de tabaco no meio de comunicação e pontos de venda, e então as empresas passaram a utilizar as embalagens com principal instrumento de publicidade da indústria, que tem investido no seu aprimoramento visual, formato, edições limitadas com brindes. Tudo de maneira sedutora e com apelo ao público jovem.

“A adoção de embalagens padronizadas é uma medida importante para a redução da demanda, uma vez que irá diminuir a atratividade e o apelo dos produtos para os consumidores, enfraquecer as técnicas de marketing, reduzir a capacidade das embalagens de confundir os consumidores sobre os efeitos prejudiciais à saúde, entre outras vantagens”, aposta Lívia Angélica.

Programação

O assunto foi debatido nessa segunda-feira, 30, em uma roda de conversa promovida através da parceria entre a Secretaria de Estado da Saúde, a Secretaria do Município de Aracaju e a Universidade Tiradentes (Unit). Cerca de 100 estudantes da instituição, em especial do curso de Enfermagem, debateram sobre o tabagismo e as consequências dele. A coordenadora estadual, que participou da discussão, lembrou que o Brasil é um dos países com as melhores ações de desenvolvimento no controle do tabaco.

“Mesmo assim, com índices satisfatórios, não se pode achar que é algo controlado. Especialmente por causa dos jovens, que é o principal foco da indústria. Tabagismo é dependência, e largar esse vício envolve muitos outros fatores, como ganho de peso, mudança de hábitos, a prática de atividade física. Por isso a importância do trabalho contínuo”, informa, destacando a importância da conscientização dos jovens.

A relação com as doenças crônicas também foi tratada na palestra, como esclarece Maria da Conceição Lima, da Coordenação de Redes de Atenção à Saúde da SES. “O cigarro pode agravar doenças como a Hipertensão e a Diabetes, trazer mais sequelas do que elas já provocam. Por isso, a proposta é sempre trabalhar enfocando o fumo e as consequências para a saúde”, conclui.

Publicado: 31 de maio de 2016, 13:30 | Atualizado: 31 de maio de 2016, 13:30